5 de set. de 2008

"...close your eyes, you can find all you need in your mind"



Quanto vale uma imagem? Mil palavras? Think again, lá dentro não vale absolutamente nada!

Acabei de voltar do Museu no Escuro e foi uma experiência MUITO LEGAL. Fomos eu e o Bitor, uma mãe e duas menininhas.
Tentar andar de olhos fechados dentro da sua própria casa já é difícil, ficar fazendo zigue-zague em um lugar onde você não tem idéia do que vai encontrar pela frente, nem se fala... ou melhor, fala, já que, lá dentro, a única coisa que nos guia realmente, é a voz do Marcos (o nosso guia cego).

m: "Raphael, se perdeu?"
TIN TIN...
r: "Marcos, isso é a sua bengala?"
m: "Não, isso é um corrimão, eu não uso bengala"
r: "Holy crap" o.O
m: "Quê?"
r: "Não, nada"

Os sons do cotidiano ficam DEVERAS confusos quando não se vê de onde eles vêm, obrigando você a tatear tudo (percebi que minha mão tá bem grossa, foi difícil sentir algumas texturas). Quando não se está acostumado, não dá nem pra calcular direito a distância pelo som.

"Djovem, cadê você?"
"Tô aqui, vê se eu tô na distância que você imagina"
...
"PUTA QUE PARIU, TU TÁ LONGE PRA CARALHO! HAHAHAHA"

Acho que o mais bacana da experiência é comparar os diferentes aspectos do percurso com a forma que você os encararia no dia-a-dia, e perceber o quanto somos dependentes da visão. Eu até tentei, mas era impossível tocar em algo e não pensar direto nele colorido de algum tom que já vi.
Para um publicitário foi louco passar a mão em um cartaz na parede e não poder dizer se estava bem diagramado, se estava bonito ou sequer a mensagem dele... faz pensar um pouco.
LÁ DENTRO EU ATÉ DEIXEI DE SER DALTÔNICO, HAHAHAHAHA.

Sem dúvida alguma, o ponto alto, pra mim, foi ouvir música deitado no chão. É claro que eu já ouvi música no escuro e com os olhos fechados, mas fazê-lo depois de 1h sem enxergar foi MUITO mais legal. Fiquei caçando e "isolando" cada instrumento.
Depois passamos num "bar" lá dentro: Cara, eu não sei se o chips Torcida tem MUITO mais gosto de batata do que uma Ruffles, ou se foi por não estar enxergando. E o cafezinho, que eu tanto gosto, ficou BEEEEEEEEEEEM mais gostoso, HAHAHAHA... chocolate então, VEIXXXX!

O Marcos já é "cego profissional", como disse o Sílvio (o garçom cego), perdeu a visão com a minha idade, em um acidente de moto, há 10 anos. 10 anos sem olhar para a natureza, 10 anos sem recordar através de fotografias, 10 anos sem ver uma mulher bonita, sem olhar nos olhos de alguém.
No fim do percurso o Marcos se despede de nós antes de chegarmos na parte em que a luz penetra... não sei se ele era loiro, moreno, se era gordinho, se era feio, barbudo, preto, branco, narigudo... e, no fundo, de que importa? As palavras dele lá dentro valeram muito mais que a imagem dele lá fora.

Do lado de fora, eu e o Bitor começamos a conversar sobre fotografia. Um pouco irônico até.



"A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla"
(David Hume)

Um comentário:

Babi Vieira disse...

Que animal!!! Eu quero ir nisso!!!

 
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